Após confusão em protesto na BR-230, juiz bate-boca com advogado em júri

0

O juiz Agílio Tomaz Marques, da 1ª e 2ª Vara Mista da Comarca de São João do Rio do Peixe, falou pela primeira vez sobre a confusão durante uma manifestação de caminhoneiros na BR-230 próximo a Marizópolis. O magistrado teria discutido com o deficiente físico Altemir Noia, 45 anos, e o caso foi parar na delegacia de polícia civil.

Segundo a Polícia Militar, a confusão começou após Altemir bater com um capacete no carro do juiz. Nas imagens, o magistrado aparece empurrando o manifestante e em seguida ordena aos policiais que o prendam: “Eu sou um juiz, prenda esse cidadão e o leve para delegacia”, disse Agílio.

Valtemir foi levado até a delegacia após confusão com juiz (foto: reprodução/Facebook)

Agílio disse que as filmagens não mostram o início da confusão. Ele afirmou que ao descer do carro foi agredido e ameaçado pelo manifestante.

Por telefone, o magistrado afirmou também que está se sentindo injustiçado: “Se eu estou passando tudo isso, imagina Jesus Cristo na época da crucificação, foi cuspido, humilhado e mesmo assim ficou calado, e é nessa postura que quero ficar”, disse.

Confusão em Júri
O magistrado também prestou esclarecimentos sobre um suposto bate-boca entre ele e o advogado sousense, Ozael Fernandes, durante um Júri Popular na tarde desta quinta-feira (24) na cidade de São João do Rio do Peixe. O júri aconteceu horas depois da confusão em Marizópolis.

O magistrado teria se alterado desrespeitando o advogado. “Foi uma discussão normal de júri. Nesse caso do advogado eu tenho a gravação desde o início, ele deve ter ficado um pouco chateado por pensar que se tratava de um juiz que não cumpri com seu dever constitucional e legal. Ele percebeu que cometeu um equívoco, mas não tenho nenhum ressentimento com ele”, disse Agílio.

O caso agora estará sendo investigado pela Corregedoria Nacional de Justiça (CNJ). A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também está apurando o fato.

AMPB defende juiz
Em nota, a Associação dos Magistrados da Paraíba (AMPB) prestou solidariedade ao Agílio Tomaz Marques e disse que ele foi agredido na confusão durante o manifesto organizado por caminhoneiros . “O indivíduo identificado no vídeo lançou o seu capacete contra o veículo do juiz, danificando o retrovisor. Entretanto, ao ser questionado como seria ressarcido do prejuízo, o indivíduo empurrou o juiz e o ameaçou, de dedo em riste”, assinala a entidade.

A Associação dos Magistrados da Paraíba (AMPB) vem a público se manifestar acerca do fato amplamente noticiado pela imprensa, no qual se envolveu o magistrado Agílio Tomaz Marques, ocorrido nas imediações do município de Marizopolis, nesta quinta-feira (24 de maio).

Inicialmente, necessário alertar a população para o fato de que apenas uma parte do ocorrido foi filmada, o que impõe justeza e serenidade nas avaliações a seu respeito, a fim de que não se exponha à execração pública um magistrado cujo histórico profissional é irrepreensível.

Assim como garantido a qualquer cidadão, o julgamento, inclusive o público, deve estar embasado em inteiro conhecimento dos fatos e todas as circunstâncias que os envolvem.

No caso versado, o magistrado informou que, estando trafegando na rodovia, deparou-se com bloqueio e reduziu a velocidade. Nesse momento, o indivíduo identificado no vídeo lançou o seu capacete contra o veículo do juiz, danificando o retrovisor.

Entretanto, ao ser questionado como seria ressarcido do prejuízo, o indivíduo empurrou o juiz e o ameaçou, de dedo em riste. Assim é que, amparado pelo art. 301 do CPP, deu voz de prisão ao agressor.

O cumprimento da ordem foi realizado por policiais militares, ante inclusive a recusa de cumprimento por militares do exército, e o indivíduo, depois de resistência, foi encaminhado à delegacia, a fim de ser autuado em flagrante em relação aos crimes praticados.

Importante firmar ainda que eventuais excessos praticados por qualquer agente devem ser apurados pelos órgãos responsáveis e levando-se em consideração os fatos em sua inteireza, assim como a comoção gerada no calor do incidente.

João Pessoa, 24 de maio de 2018
Juíza Maria Aparecida Sarmento Gadelha
Presidente da AMPB

Com Diário do Sertão

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.